5 de nov. de 2008

as serigüelas




À caminho do trabalho, a moça (que só sabe que deixou de ser menina porque pode ir ao banco resolver suas coisas sozinha) dirige sentindo a baforada quente da cidade no rosto, já devidamente maquilado.


Enquanto isso, tateia no banco do passageiro o saquinho com as serigüelas que trouxe de casa. Tinha tanto tempo que não sentia aquele azedinho na língua...lembrou-se de quando roubava a fruta nas árvores frondosas do antigo colégio. Esse mesmo que agora passa na frente, e vê algumas gerações depois dela entrando, saindo, namorando, esperando pelos pais, a carona, trocando o almoço por um sorvete. É, anos atrás quem estava ali era a moça.


Os caroços das serigüelas vão ficando pelo caminho. Fazendo um caminho. Na possibilidade, talvez (quem sabe?!), o futuro encontre-as, cate-as, coloque-as no bolso, procure a moça e diga, assim que encontrá-la:



- Sabia que eram tuas! Olha, juntei pra você. Por você.






8 comentários:

Juliana Bastos disse...

linda motorizada.

Anônimo disse...

vou engolir essa de jogar caroços de siriguela na rua, ok?

que encontre o caminho.
que se encontre.

oseguinte disse...

levei cagaço da ana. =p

Anônimo disse...

Ow motoristaa .. :D

Anônimo disse...

Me dá uma siriguela, tão bom.

Anônimo disse...

Não gosto de ser estraga prazeres (mentira), mas o certo é sirigüela, com "i".

oseguinte disse...

eu verifiquei no google, ivo.

flora disse...

foi lindo isso
=~~~~~
*excessao pra baforada da cidade